Já é senso comum entre os servidores da CAPES que o órgão é desconhecido para o público não-acadêmico (e para muitos alunos de 1o ano de graduação de boas universidades). Uma evidência anedótica desse anonimato são conversas com pessoas que confundem CAPES com
CAPS. Outra é a alternância do pronome definido antes da sigla (ou acrônimo para os pedantes): "a CAPES" ou "o CAPES"?
A alternância do artigo não acontece apenas por ignorância, como alguns colegas poderiam pensar. Como CAPES é usada como uma palavra, a terminação em "s" não ajuda a saber o
gênero gramatical. Se você não sabe que CAPES vem de "Coordenação..." ou "Fundação Coordenação...", escolhe-se o artigo por analogia, pelo mais provável: o lápis, o gás, o pires, o ourives e o CNPq (órgão que os estudantes de 1o ano de graduação não distinguem da CAPES). Daí generalizar e usar "o CAPES" fica até previsível. E, obviamente, não faz nenhuma diferença na prática. Talvez só irrite os pedantes da língua.
Desconfio que a convergência para o artigo "a" só aconteceria se a CAPES ficasse realmente conhecida, algo como uma série de reportagens no Jornal Nacional ou envolvimento numa grande CPI, i.e.,
Fuhgeddaboudit.
Confesso que, principalmente por misantropia, evito falar que trabalho "n
a CAPES" e ter de emendar a lenga-lenga de sempre pra explicar o que é a CAPES. Tenho duas táticas para responder à pergunta "Onde você trabalha?":
1: "- Na Fundação CAPES". A palavra "fundação" dá um ar de importância e "CAPES" passa a ser irrelevante. Essa opção possivelmente pode provocar uma continuação, mas ao menos você se valoriza e não precisa admitir que o órgão é um secretaria glorificada do
MEC.
2: "- No MEC". Todo mundo sabe o que é "MEC" e o assunto tende a ir para outros tópicos. Dependendo da situação, ficam até com pena e pagam sua metade da conta do bar. Vale arriscar de vez em quando.